sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Pesquisa aponta aumento no número de moradores de rua em SP

Folha Online

A Secretária de Assistência Social de São Paulo divulgou hoje o resultado de um censo da população de rua na cidade. A pesquisa aponta que houve aumento de 19,3% no número de pessoas nestas condições.

A pesquisa, realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), mostra que o número de pessoas morando nas ruas da cidade aumentou de 8.706 no ano de 2000, para 10.394 hoje.

Os dados revelam também que cresceu o número de moradores nos albergues municipais. Em 2000, São Paulo tinha 3.693 albergados. Hoje, esse número é de 6.186, o que representa um aumento de 67,5%. Entre os usuários de albergues, 92% têm nível de escolaridade básico. Outros 4% possuem nível técnico, e 4% nível universitário.

A grande maioria dos moradores de rua é formada por homens. A porcentagem praticamente se manteve a mesma em relação à última pesquisa: em 2000 os homens representavam 80,65%; hoje, são 80,3%.

Já o número de mulheres nas ruas caiu em comparação com a pesquisa anterior. Neste ano a pesquisa aponta que 15,4% dos moradores de rua são mulheres, contra 18,6% em 2000. Entre as razões para esse declínio está o crescimento do número de famílias chefiadas por mulheres.

Quanto à faixa etária dessas pessoas, o censo aponta que 35% têm entre 41 e 55 anos; 32%, entre 26 e 40, e 14% têm mais de 56 anos.

O censo da Fipe foi realizado em 29 distritos da capital paulista no mês de outubro, entre áreas residenciais e mistas (residencial e comercial). Um novo levantamento deverá ser realizado em fevereiro de 2004.

Contagem de moradores de rua começa no dia 1º

É a primeira vez que o governo federal realiza uma pesquisa deste gênero. Até hoje não existem estimativas sobre o número de pessoas que moram nas ruas ou sobre o modo como vive esta população


Começa nesta segunda-feira (01/10), a Contagem Nacional da População em Situação
de Rua – pesquisa encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para subsidiar políticas públicas voltadas a este segmento da população. Para fazer este levantamento, 2.500 pesquisadores, divididos em equipes, percorrerão 60 municípios incluindo todas as capitais – exceto São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre - além das cidades com mais de 300 mil habitantes. Nas quatro capitais em que não será feito o levantamento, as Prefeituras já fizeram a contagem, exceto Porto Alegre que ainda irá realizá-la.


Cada equipe
de trabalho contará com a presença de ex-moradores de rua e integrantes de movimentos sociais, que ajudarão na tarefa de abordagem. Serão aplicados dois tipos de questionários com o objetivo de conhecer o perfil das pessoas que vivem e dormem pelas ruas das grandes cidades.


O Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) investirá R$ 1,5 milhão neste levantamento que será feito pela META Instituto de Pesquisas de Opinião Ltda - empresa contratada pelo Ministério, por meio de licitação, em parceria com a Unesco. Para conhecer a metodologia que será usada na pesquisa, foram feitos treinamentos em todas as regiões brasileiras, com a participação de técnicos do MDS e da empresa encarregada do levantamento. A pesquisa estará concluída no final de outubro e os resultados serão conhecidos durante seminário em data e local ainda a serem definidos.


A coor
denadora de Avaliação e Monitoramento da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação do MDS, Júnia Quiroga, enfatiza que o levantamento responde a uma demanda de instituições ligadas às pessoas em situação de rua feita durante primeiro encontro nacional sobre o assunto, realizado em 2005. “Havia um pedido para que tivéssemos mais informações sobre esse público, para que as políticas públicas sejam mais adequadas a ele”, explica.


Segundo Júnia Quiroga, o levantamento, que trará informações
sobre acesso a serviços, condições socioeconômicas e formas de garantir o sustento, contribuirá na elaboração de políticas federais, estaduais e municipais. Ela destaca ainda o ineditismo do levantamento e o grau de dificuldade em realizá-lo. “É um trabalho com uma amplitude jamais feita no Brasil e abordará, no período noturno, um público com alto grau de vulnerabilidade”, argumenta.


Para a representante do Movimento Nacional
de População de Rua de Belo Horizonte (MG), Anita Gomes dos Santos, 48 anos, quem mora na rua é visto como marginal, como resto da sociedade. “Somos seres humanos com sentimentos e capacidade de ajudar na transformação da sociedade”, disse. Anita acredita que a parceria com os movimentos sociais será fundamental para o resultado da pesquisa. “Estas pessoas se identificam com a gente já que sofremos, na pele, aquilo que elas vivem hoje”, explicou a ex-moradora de rua que hoje está casada, tem quatro filhos e sete netos e um trabalho.


Cidades onde será feito o levantamento: Maceió, Manaus, Macapá, Feira de Santana, Salvador, Fortaleza, Brasília, Serra, Vila Velha, Vitória, Aparecida de Goiânia, Goiânia, São Luís, Contagem, Montes Claros, Uberlândia, Campo Grande, Cuiabá, Belém, Campina Grande, João Pessoa, Teresina, Curitiba, Londrina, Maringá, Campo dos Goytacases, Duque de Caxias, Niterói, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Natal, Porto Velho, Canoas, Caxias do Sul, Florianópolis, Joinville, Aracaju, Bauru, Campinas, Carapicuíba, Diadema, Franca, Guarulhos, Jundiaí, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santo André, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, São Vicente, Sorocaba, Palmas, Boa Vista, Rio Branco, Pelotas, Jaboatão dos Guararapes.

Moradores de rua se queixam de falta de assistência


Romilzo, morador de rua
Romilzo é um dos moradores que engrossa as estatísticas no Rio
Estima-se que cerca de dez mil pessoas vivam nas ruas do Estado do Rio de Janeiro, mas não há estatísticas precisas, pela própria natureza móvel dessa população, nem uma política do governo para resolver o problema de forma permanente.

Muitas dessas pessoas se queixam da falta de assistência. É o caso de Leonardo, 26 anos, que vive nas ruas desde os 7, quando veio da Bahia para o Rio de Janeiro depois da morte dos pais.

“O Estado não quer nada com a gente”, diz Leonardo, que ao chegar ao Rio foi morar com uma tia, que o colocou num colégio interno, e acabou fugindo.

“O que eu queria era uma oportunidade de emprego, uma pessoa que acreditasse em mim, me desse uma esperança, um apoio. (Que) acreditasse que a gente vai mudar, porque eu acredito que eu mudo, mas eu dependo também das outras pessoas acreditarem. Ninguém vive sozinho.”

Pouco contato

“Pode parecer uma perspectiva simplista posta deste jeito, mas a população de rua não vota, em princípio”, diz o sociólogo Dario Souza e Silva, autor de uma pesquisa sobre moradores de rua no Rio de Janeiro.

“Eles não são um grupo social politicamente organizado, eles não se representam, são representados exteriormente por alguém que os conduz, que se diz seu representante”, diz ele.

Geralmente, o pouco contato que os moradores de rua têm com o Estado ocorre quando são deslocados de um lugar para o outro, quando vão para centros de triagem e albergues, ou quando entram em confronto com a polícia.

“Os moradores de rua são mais comumente vistos pela opinião pública como um problema. Não aparecem como uma prioridade de políticos em geral, salvo quando associados a uma perspectiva mais assistencialista, porque eles são vistos pela população como um problema, uma coisa associada à violência, à pobreza… falsamente associada à violência”, diz Dario.

“São ex-trabalhadores formais, da construção civil ou de serviços domésticos, que não conseguiram inclusão no mercado de trabalho, ou foram expulsos dele (por conta da perda de vitalidade econômica do Rio de Janeiro nas últimas décadas). Mas não são pessoas que estão, no seu geral, há muito tempo na rua.”

Brigas

Muitos deles foram parar na rua depois de terem sido expulsos das favelas pelo alto custo da moradia, diz Dario, mas a maioria saiu de casa por conta de desavenças.

Wilson Salustiano é um desses exemplos. Ele saiu de casa há três anos por conta de uma briga de família e foi morar nas ruas.

Todos nós sentimos preconceito nas ruas. A gente dorme, não sabe se vai acordar. A gente dorme com um cobertor, não sabe se vai acordar com aquele cobertor.
Wilson Salustiano, morador de rua

Ele conta que não faz nada e vive da caridade alheia, mas, apesar disso, já enfrentou problemas com a polícia.

“Eles vêm e espancam mesmo. Não sei por quê. Acho que é recalque, eles vêem uma pessoa negra, que mora na rua…”

Wilson conta que o mais difícil de morar nas ruas é não poder confiar nas pessoas.

“Todos nós sentimos preconceito nas ruas. A gente dorme, não sabe se vai acordar. A gente dorme com um cobertor, não sabe se vai acordar com aquele cobertor. A história é essa”, diz ele.

Documentação

Esta população, cada vez mais, se afasta da vida “formal”.

Muitos não têm documentos e a grande maioria não tem acesso a serviços públicos básicos.

“Temos uma carência geral na oferta de serviços públicos. Os serviços públicos de saúde, educação e mesmo de segurança são extremamente precários para os segmentos mais pobres, aqueles que não têm outro recurso senão este”, explica Dario.

“Este grupo de pessoas está em competição por esses serviços com outras pessoas também muito pobres, mas que não estão nas ruas”, afirma o sociólogo.

Hoje em dia, pelo menos, não é mais preciso ter uma referência de endereço para ter acesso a programas de transferência de renda como o Bolsa Família. Mas ainda não há uma estimativa de quantos recebem este – ou outros – benefícios do governo, apesar de muitos terem direito.

Também se fala bastante ultimamente das três gerações de rua. “São pessoas que vieram para as ruas, tiveram filhos e seus filhos tiveram, precocemente, filhos. Então, há três gerações, há pessoas que nunca foram registradas oficialmente, que não têm sobrenome”, diz o sociólogo.

“Isso não é um contingente enorme, mas a simples ocorrência já é uma coisa alarmante, significa que essas pessoas romperam o vínculo com o que a gente pode chamar de Estado nação. Eles romperam o vínculo com o país, vivem dentro dele, mas não têm comunicação com as instituições.”

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Morador de rua brasileiro é homem, alfabetizado e tem parentes que moram na mesma cidade, revela pesquisa

Uma pesquisa encomendada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e divulgada nesta terça-feira (29), em Brasília, revela o perfil dos moradores de rua brasileiros. Os pesquisadores escolheram cidades com mais de 300 mil habitantes e saíram a campo entrevistando moradores de rua com mais de 18 anos de idade. A principal conclusão do estudo é que as pessoas em situação de mendicância são em sua maioria homens alfabetizados e jovens, que abandonaram suas casas por problemas com álcool ou drogas ou por terem perdido o emprego.

Uma equipe formada por 1.479 pesquisadores e assistentes sociais saiu a campo para entrevistar pessoas que habitam calçadas, praças, rodovias, parques, viad
utos, postos de gasolina, praias, barcos, túneis, depósitos e prédios abandonados, becos, lixões, ferro-velho ou que pernoitam em instituições como albergues e abrigos. No total, foram ouvidos 31.922 pessoas, espalhadas por cidades médias e por quase todas as capitais brasileiras, com exceção de São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre.
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Mendigo dorme no Largo São Francisco, no centro de São Paulo


Cada entrevistado respondeu a um questionário com cerca de 20 perguntas. A análise dos dados recolhidos revela que 82% da população de rua é formada por homens. Mais da metade (52%), têm entre 25 e 44 anos de idade. Quanto à raça, 39,1% se declararam pardos, 29,5% se disseram brancos e 27,9% se identificaram como negros.

Do total de indivíduos pesquisados, 48,4% estão fora de casa há mais de dois anos. Dois em cada três (69,6%) dormem na rua, enquanto 22% costumam dormir em albergues ou outras instituições. Outros 8,3% costumam alternar, ora dormindo na rua, ora dormindo em albergues.

Surpreendentemente, as pessoas em situação de mendicância se revelaram escolarizadas. Do total, 74% sabiam ler e escrever e quase a metade (48,4%) disseram ter completado o ensino fundamental.

Os principais motivos pelos quais essas pessoas passaram a viver e morar na rua se referem aos problemas de alcoolismo e/ou drogas (35,5%); desemprego (29,8%) e desavenças com familiares (29,1%).

A pesquisa põe em xeque a noção de que moradores de rua são pessoas que abandonaram suas cidades de origem e não mantêm nenhum vínculo familiar. Uma parte considerável (58%) se disse originária da mesma cidade em que se encontra ou de locais próximos. E mais: 51,9% dos entrevistados afiramaram possuir algum parente que residindo no mesmo município onde se encontram.

Entre os que já moraram em outras cidades, 45,3% se deslocaram em busca de novas oportunidades de trabalho. O segundo principal motivo foram as desavenças familiares (18,4%).

Questionados sobre o que fazem para sobreviver, 70,9% dos entrevistados disseram exercer alguma atividade remunerada. Apenas 15,7% revelaram que a sua principal fonte de renda são as esmolas.

A pesquisa revelou que os moradores de rua em geral são pessoas saudáveis. Apenas um terço deles afirmou ter algum problema de saúde. A doença mais freqüente é hipertensão (10,1%), seguida por problemas psiquiátricos (6,1%) e HIV/aids (5,1%).

Questionados sobre que tipo de discriminação sofrem por viver em situação de rua, os entrevistados disseram que freqüentemente são impedidos de entrar em certos locais, tais como lojas, shopping centers e meios de transporte coletivo.

Com base nos dados levantados nessa pesquisa, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome diz que pretende elaborar políticas públicas para lidar com o problema da mendicância. A idéia é estabelecer um plano nacional para ajudar as cidades médias e grandes a combaterem o problema, e quem sabe reintegrar essas pessoas à sociedade. Em cada uma das 71 cidades pesquisadas, o total de pessoas em situação de rua gira em torno de 0,061% da população local

terça-feira, 15 de setembro de 2009

“Os miseráveis não tem outro remédio a não ser a esperança” (Willian Shekespeare)

A vida nem sempre é justa, ou ao menos igualitária com todos e muitas vezes ela não nos dá escolhas.

Será que se algum dia aceitaríamos passar por uma experiência como essa?? Sujeitar-nos a passar fome, frio e não ter nenhuma ajuda??

Alguns caracterizam os mendigos como andarilhos, pedintes ou até mesmo “folgados e preguiçosos” , mas dificilmente se perguntam de onde surgiram, ou o que os fez surgir.

As grandes e médias cidades dos tempos de hoje (século XX), estão impregnadas de problemas os mais difíceis possíveis, dentre os quais podem se citar alguns de grande efeito dentro da economia, política e sociologia dos seres humanos, tais como: seqüestros, roubos e furtos, prostituição, homossexualismo, desemprego, menores de rua, desigualdades sociais, mendicância e alguns outros de complicada solução. Tais problemas têm preocupado as autoridades governamentais, especialmente os civis que se encontram prisioneiros sem praticar qualquer delito repugnável pelos códigos penais e pelo direito civil, que é quem regula e vigia aqueles que não estão de acordo com as normas constituídas pelos hábitos e costumes de uma sociedade, consciente de seus limites. Ao se fazer uma meditação sobre essas patologias, é que se pensou em detalhar um pouco mais a situação dos mendigos, que se avolumam nas cidades de grande porte, constituindo um problema de distribuição de renda aos trabalhadores, de desprezo aos carentes, e, até mesmo, de esconderijo aos marginais, que procuram essa farsa para seus crimes.

Ao iniciar os questionamentos sobre o que significa mendigo, pode-se enumerar uma lista muito grande de conceitos que caracterizam este termo, tais como: simplesmente pedinte, ou aquele que anda pelas ruas, sujos, com roupas rasgadas, e dormindo nas marquises das lojas sofisticadas, ou aquele que sai de porte em porta pedindo um pedaço de pão para saciar sua fome e de seus filhos e esposa. Mas, porque surge o mendigo? Será a preguiça como diz o bem empregado? Será a fuga do campo, que não consegue colocação em um emprego digno, mesmo desqualificado? Será a distribuição de renda, que exclui do mercado de trabalho, aqueles de idade avançada? Ou será como dizem os reencarnacionistas a lei de causa e efeito em atuação? Essas e outras perguntas farão parte das inquietações que deixam os cientistas, sociólogos, economistas e religiosos estupefatos quanto a essa problemática, que deixa a sociedade apavorada, devido à insegurança que as famílias enfrentam nos dias de hoje, cujos exemplos e correições não têm dado conta de uma situação tão difícil que se vive na atualidade.

A princípio, o surgimento dos mendigos advém de coisas simples, isto é, pessoas pobres que não têm como se alimentar; não acham outro meio se não pedir um pouquinho ao vizinho ao lado, cuja sensibilidade do amigo ou conhecido não mediu distância, proporcionando condições para que aquele ser humano pudesse saciar a sua fome, ou procurar os meios de sobrevivência, isto é, uma atividade qualquer para executar. A questão da mendicância aparece com a divisão da sociedade entre pobres e ricos, cujo aumento desse diferencial, os pobres vão à miséria e os ricos mais ricos; aí, levanta-se o estigma entre o vestido, asseado e o que está sujo, “mulambento” e “fedorento”, que provocam a sensibilidade do sentimento, e a repulsa daquele que não quer sentir mau cheiro. Tudo isto a sociedade criou; como a lei de causa e efeito existe

O mendigo vive uma vida muito complicada, sai pela manhã, de casa em casa a pedir pão, roupa velha, comida em geral, um trocadinho, isto é, alguma moeda que vai servir para tomar uma bicada (uma dose de cachaça) na mercearia da esquina e de bicada em bicada, fica bêbado, aumentando ainda mais o estigma daqueles que detestam mendigos, com sofrimentos maiores para sua família que almeja sobreviver. Muitas e muitas vezes, o pedinte não chega em sua casa, ficando na sarjeta, bêbado pelas calçadas, cujos companheiros são os cachorros e seus colegas de infortúnio, como se observa nas ruas escuras e debaixo das pontes, que são os seus berços acolhedores de mais um dia de cachaça e de dores para seus filhos que vivem numa mesma situação vibratória. A família desesperada aloca o filho para o trabalho de baixa qualificação, porque não teve oportunidade de conseguir nível escolar suficiente a um bom trabalho, pois ao se cansar de ganhar pouco, trilha pelo mesmo caminho do pai, ou de um irmão que está no mesmo destino, que é assumir seu nível espiritual de materialidade, de alimentar seu ego com a sua brutalidade.

As origens desta situação, os cientistas dizem que é problema da distribuição de renda, os sociólogos retrucam insinuando que são desajustes sociais, os historiadores colocam que são as raízes do desenvolvimento, porém, os espiritualistas trabalham a idéia de que é resultado de causa e efeito, que todos estão envolvidos no processo evolutivo do homem, ao estar-se no lugar que merece, de acordo com seu nível espiritual. De acordo com o espiritismo tudo que acontece no mundo é uma construção de todos os seres pensantes daquele ambiente, e a distribuição de renda má ou boa não está fora deste raciocínio, pois o amanhã é uma construção de tudo o que se faz hoje, tendo em vista que a construção do mundo é feita pelas inteligências que lá existem. Quanto aos desajustes sociais, decorre justamente dos níveis diferenciados entre as pessoas, porque o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a ganância, e muitas outras formas de inferioridade, ou de maledicências que ainda estão bloqueando o uso da inteligência, que é a faculdade que melhor organiza o raciocínio, a razão, e dá lógica aos fatos que são as experiências da vida.

O mendigo está no ventre de uma nação que vive sob o crivo de uma economia, de uma política, de uma sociologia, de uma história, esquecendo que acima de tudo existe uma força maior que dá ordenação a tudo que existe, sem imposição e sem ditadura de quem quer que seja para que tudo dê certo, pela livre e espontânea vontade de quem almeja aprender, ou criar consciência de sua existência, ou de seu próprio eu, como espírito e como alma. Os erros que acontecem são naturais, devem retornar a participar em algum lugar, para caminhar bem no aprendizado de sua vereda que está a seguir, assim como todos que estão envolvidos nesta trajetória direta ou indiretamente, pois quem não quer aprender com amor, da dor não fugirá, não como repressão do Criador Maior, mas como autoconsciência. Por conseguinte, cada ser humano que nasce, vem com seu aprendizado, para construir uma nova vida como uma pessoa normal, cujo espírito necessita se auto-descobrir, pois isto é feito a cada momento, tanto os lados bons como os maus, especialmente este, tendo em vista que ao seu lado a energia deve ser compatível com o lado inferior de todos no planeta.

Enquanto existir todo tipo de inferioridade dentro da humanidade, os problemas sociais vão sempre estar presentes, com isto justificam-se os desajustes econômicos, as desigualdades sociais, as contendas políticas e os pequenos conflitos sociais como: a prostituição, o roubo, os assassinatos, a busca pela droga, os estupros, as guerras entre irmãos e todo tipo de picuinhas, próprio de quem não saiu ainda da animalidade. Esta é uma fase difícil, porque o entendimento de algo que seja transcendental, não há como perceber ainda, pela limitação de experiências e conhecimentos reais que não adentrarem com facilidade em uma mente que é resistente à própria evolução, por não ter como enxergar a força das palavras que pode direcionar melhor a sua maneira de ser, ainda diminuta. Assim, são todos aqueles que não têm condições de enxergar o seu verdadeiro caminho, ao considerar que a dureza do coração não aceita aquilo que não conhece, e nesta faixa de vibração e de vivência estão os mendigos, que não sabem seguir com a força de sua consciência, pois quase todos que vivem esta vida, cumprem forte expiação, que é dolorosa.

Normalmente atribui-se como uma das causas da mendicância a relação existente entre a cidade e o campo, dado que o homem do campo, ao se ver sem recursos financeiros, vai em busca de conseguir algum sustento para sua vida, isto é um trabalho na cidade, poder educar seus filhos, ter uma situação melhor e sair da pobreza que paira sobre as famílias que vivem abandonadas nas brenhas de um matagal imprestável. A bem da verdade, o que existe na mente destes irmãos é a inferioridade que se apresenta de uma outra forma, que vai proporcionar evasão a outros tipos de sofrimentos, advindo do orgulho, vaidade, inveja, e algumas outras que a ciência ainda não conseguiu detectar naqueles que desejam conhecer o luxo, e algumas arrogâncias mais. Isto é um fato incontestável, somente como uma forma distante ou perto de indicar a ignorância em que vive o homem, que quer melhorar-se mesmo que passe por cima dos seus irmãos, que almeja trabalhar o perpassar da vida para o conhecimento da pureza maior que independe da materialidade, de tudo que existe no planeta, necessário, apenas para o evoluir de todos.

O mendigo já caracteriza a apresentação de sentimento, que faz aflorar a sensibilidade de estar no processo de transformação, isto significa dizer, transferir-se do estágio de animalidade para o homem, na utilização da lógica, e com o poder de pensar, ou em outras palavras poder usar a inteligência, que é a faculdade própria do ser humano, de uma fase mais espiritualizada, isto é o ser pensante. O sentimentalismo é o ponto mais explorado por aqueles que tentam tirar proveito de alguma circunstância e nesta situação encontra-se o mendigo, que se apega da parte sensível de alguns homens, alicerçado no medo pregado pelos grupos religiosos, buscam explorar os que de boa fé se entregam à sensibilidade frágil, mascarando o próprio eu. Não se deve confundir sensibilidade com amor ao próximo, como obrigação de uns para com os outros, com fraternidade que todos devem estar imbuídos, com uma entrega descabida a quem pensa em obter ganhos do sentimentalismo de alguém que não controla suas emoções, cuja finalidade da vida é usar a razão, sem atropelar a grandeza de cada um.

Muitas vezes quando um mendigo faz parte de uma determinada família, existem várias hipóteses que devem ser consideradas, como por exemplo: pessoa que abusou com alguma riqueza que já possuiu para poder sensibilizar alguém da família que vive em prepotência, servir de exemplo para alguns irmãos próximos, irmão que vem provar que está acima de tudo isto que existe na terra, outras mais pode ser enumerada. Inegavelmente, podem-se encontrar pessoas que se adaptam a todas essas hipóteses, ou em algumas outras que não foram ventiladas nesta citação, quase sempre inconsciente do por que está naquela situação de sofrimento e dor, no entanto, algumas sabem, mas somente seu consciente acusa, porque o mundo espiritual é quem lhe mostra esta realidade pura. Assim sendo, o número de revolta é grande, por olhar ao lado ver tanta riqueza, tanta abundância nas mãos de poucos e ao lado algumas famílias que jazem na fome, no frio, a mercê das intempéries do tempo, como prova de que cabe a cada um a construção de um amanhã cheio de felicidade, cujos mendigos suportarem com paciência e crescerem mais rápido.

A sobrevivência do mendigo é muito difícil, porque ele é pobre, muitas vezes cheira mal, não tem o que comer e vive a pedir para poder passar mais alguns momentos sobre a terra, que ao acostumar-se com aquela situação torna-se preguiçoso, inconveniente, e muitas vezes não respeita a condição dos outros que tecem uma discriminação incontrolável sobre aquele que deseja completar sua tarefa evolutiva. A discriminação existente entre os seres humanos denota claramente as condições em que estão submetidos, tendo em vista que estão presos a todo tipo de inferioridade, de animalidade que ainda domina aquele que se encontra impregnado nas coisas da matéria, e é preciso que se procure libertar, para conseguir um mundo cada vez melhor. Das formas de inferioridades, a discriminação é um tipo que mais incita o orgulho, a inveja, e o estigma entre os irmãos que precisam uns dos outros para estar juntos auxiliando-se no processo de evolução, que tanto a humanidade necessita, sem a imposição de alguém e sem o auto-sofrimento ao gerar piedade em coração sensível, que já avançou um pouco.

Enfim este problema, suas causas, o porquê de tudo que está acontecendo, o processo discriminatório no estado social onde vivem, as dores e os sofrimentos que ele atravessa todos os instantes e como dar solução a essa questão que tanto atormenta a sociedade moderna, como coisa que as suas raízes fossem unicamente de cunho sócio-econômico moderno.

“Porque o agora é o ontem, e o amanhã será o hoje que os seres pensantes constroem, quer em uma construção benéfica ou maléfica, isto é obstáculo ou ajuda ao progresso humano. Portanto, tudo o que existe aqui no planeta terra é fruto da criação do homem, que com sua inteligência, cria o seu conhecimento de libertação ou de prisão devido a sua própria condição ao enveredar pelo caminho que julgar verdadeiro, de acordo com a sua materialidade e arrogância para a felicidade de um mundo que ele não conhece e julga-se dominador.”